quarta-feira, 14 de julho de 2010

A ENERGIA DA MUDANÇA



Sua intuição lhe diz que o mundo pode estar indo por um caminho equivocado? Então entre aqui, conheça o Projeto Vênus, e entenda os seus sinais internos: www.thezeitgeistmovement.com

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

A ENERGIA DE SPINOZA: SUPERSTIÇÃO, DEUS E O ERRO JUDAICO-CRISTÃO

“Pela decisão dos anjos e julgamento dos santos, excomungamos, expulsamos, execramos e maldizemos Baruch de Spinoza... Maldito seja de dia e maldito seja de noite; maldito seja quando se deita e maldito seja quando se levanta; maldito seja quando sai, maldito seja quando regressa... Ordenamos que ninguém mantenha com ele comunicação oral ou escrita, que ninguém lhe preste favor algum, que ninguém permaneça sob o mesmo teto ou a menos de quatro jardas, que ninguém leia algo escrito ou transcrito por ele.” (parte do texto de excomunhão de Spinoza pela comunidade judaica de Amsterdã a 27 de julho de 1656)

A filosofia de Spinoza é uma crítica da superstição em todas as suas formas: religiosa, política e filosófica. A superstição é uma paixão negativa nascida da imaginação que, impotente para compreender as leis necessárias do universo, oscila entre o medo dos males e a esperança dos bens. Dessa oscilação a imaginação forja a ideia de que o homem é um joguete de uma Natureza caprichosa, concepção que é projetada num ser supremo e todo-poderoso que existiria fora do mundo e o controlaria segundo o seu capricho: Deus.
Nascida do medo e da esperança, a superstição faz surgir uma religião onde Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico. A superstição cria uma casta de homens que se dizem intérpretes da vontade de Deus, capazes de oficiar cultos, profetizar eventos e invocar milagres. A superstição engendra, portanto, o poder religioso que domina a massa popular ignorante.
Toda filosofia que tentar explicar a Natureza apoiada da ideia de um Deus transcendente, voluntarioso e onipotente, não será filosofia, será apenas uma forma refinada de superstição.

Em sua obra Spinoza procura mostrar de que modo Deus se produz a si mesmo, às coisas e ao homem, demonstrando que esse modo de autoprodução é o próprio modo de produção do real. Com isso, elimina a principal ideia sustentáculo da teologia e da filosofia cristãs: a ideia da criação, isto é, um Deus pré-existente que tira o mundo do nada.
Deus é a Substância (do latim substantia: essência), ou seja, o Ser que é causa de si, que existe em si e por si, que é concebido em si e por si e que é constituído por infinitos atributos, infinitos em seu gênero e cada um deles exprimindo uma das qualidades infinitas da substância. Deus é a própria Natureza.

Para o filósofo, o erro é uma abstração. O erro não é uma ausência de conhecimento, mas um conhecimento parcial ou mutilado da totalidade, isto é, abstrato (separado). O erro consiste em anexar conhecimentos parciais para querer retirar daí um conhecimento geral, e este será, também, abstrato na medida em que resulta de uma simples justaposição de realidades.

Em sua obra Ética, a expressão Deus ou Natureza tem vários significados: 1. o ato pelo qual Deus se produz é o ato pelo qual produz as coisas; 2. Deus é a causa de si mesmo e das coisas como causa imanente e não transcendente; 3. a produção divina não visa fim algum, é o seu próprio fim, ou seja, entre o ato de produção e o produto não há distância a separá-los, são uma só e mesma coisa. Separar o produtor do produto é aceitar a incompreensibilidade divina, o mistério da criação e o mistério da Natureza. É ser vítima da superstição. É ter uma compreensão alienada da produção, pois ao separar o produtor do produto, este não permite mais identificar seu produtor e o homem passa a imaginar o produtor possível, acabando por chegar ao Deus voluntarioso, que tudo governa para e segundo seus caprichos.

E por aí vai...

Para saber mais: “Pensamentos Metafísicos: tratado da correção do intelecto; ética" – Editora Nova Cultural – ISBN 8513002380

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A ENERGIA DA POESIA


A Mãe do Vento
Teresa Vergani

Estrelejar conjuga-se como gotejar ou irisar.
Vivem densidades luminescentes tão ocultas
que atiram o seu ponto de fusão
para o lado do arco-íris que não vemos.

O luar é um vento irisado derramando-se
em pérolas fluídas a latejar concêntricas.
A lua um manso redemoinho circular com a paz
muito húmida lá dentro a amadurecer
e a desaparecer de tempo em tempo.

O vento precede-nos envolve-nos e devolve-nos,
mais íntimo que a linguagem que nos moldou a voz.
Se nos deflagra e nos desdobra é porque brinca
empurrando sementes até aos olorosos rumos da flor.

Incansável sopro que nos cala e nos leveda o fôlego,
engendrando fala gosto corpo pensamento
ao seu jeito nimbado de constância flexível (desviante).

Damos nomes às coisas porque precisamos de
as estabilizar, de multifacetar o nome único do vento.
Assim as subtraímos à mutância incandescente do que são
(cada uma colada à límpida raiz móvel do seu vento).

Parido por que mãe, o vento que nos nasce?
Haverá nome capaz de criar a conjunção útero correnteza?

Ondas gazelas peixes pólen neblinas, todos os fogos se
acendem no caudaloso espaço desmedido desse imperceptível
caroço transparência, lugar de fluidez sem poiso (desarmado).

Se não sabemos Encontrar nem Desejar
é porque o nosso medo parou o Grande Vento.
De que seiva o roubámos ao negar-lhe
a via-Vida tumultuosamente láctea e cadente?

Tocado a 4 mãos a 4 passos, que começo criará que fim?
Que morte sangue e leite (aparição de esperma ou lágrima)
fora da tão áspera inteira e maternal nudez do vento?

Somos o tempo: a chaga nómada dessa
espantosa cratera deslizante, a assustada pequenez
onde se afunda ileso o vento em carne viva.

Que grito ou fome ou canto consentirá
transfigurar-se no universo deste entendimento?
(Sim, Entendi Vento!...)

A onde então? nem dentro nem fora,
dentro e fora, a sobejar e a contrair
o ondulante limite fraccional de cada forma,
fiel e infiel à descerteza.

Será o Vento orfão? talvez não.
Se um dia me deixar tocar pelo sabor
da mais penetrante e matricial inteligência,
então serei talvez sem chão nem céu nem parte.

Então serei só isso: Novidade isenta de tormento,
a esfacelada a indivisa a intensa a exultante
– A de Pé, A Mãe do Vento.