sexta-feira, 16 de outubro de 2009

História da Aromaterapia - por Kathi Keville - traduzido por HowStuffWorks Brasil


Acredita-se que a história da Aromaterapia começou com a queima de madeiras, folhas, gravetos e eucaliptos perfumados na Antiguidade. Esta prática provavelmente apareceu a partir da descoberta de que algumas fogueiras, como as feitas de cipreste e cedro, perfumavam o ar quando eram queimadas. Na verdade, a nossa palavra moderna perfume deriva do latim "per fumum", que significa "através da fumaça".


O incenso não foi, portanto, a única utilização de fragrância nos tempos antigos. Em algum ponto entre os anos 7000 e 4000 a.C., as tribos neolíticas aprenderam que as gorduras dos animais, quando eram aquecidas, absorviam as propriedades aromáticas e curativas das plantas. Talvez folhas ou flores perfumadas tenham caído acidentalmente na gordura enquanto a carne estava sendo preparada na fogueira. A informação obtida nesse acidente levou a outras descobertas: as plantas davam sabor à comida, ajudavam a curar ferimentos e suavizavam a pele seca de forma bem melhor que a gordura sem fragrância. Essas gorduras perfumadas, as precursoras das nossas modernas loções para massagem e para o corpo, perfumavam quem as usava, protegiam a pele e os cabelos das intempéries do tempo e dos insetos e relaxavam músculos doloridos. Elas também afetavam a energia e as emoções das pessoas.


A água aromatizada, um terceiro tipo de produto aromático, era na verdade uma combinação de Óleos Essenciais, água e álcool. Ela era usada para melhorar a aparência e perfumar a pele e os cabelos, além de ser ingerida como tônico medicinal. Ela foi a precursora do nosso perfume moderno.


Conforme a civilização progrediu, o incenso, os óleos corporais e as águas aromáticas foram combinados para curar a mente, o corpo e o espírito. Assim, no mundo todo, o aroma se tornou parte integral da cura e fundou a base da utilização atual da Aromaterapia.


Na Antiguidade, assim como hoje, Óleos Essenciais normalmente usados, como o olíbano (também conhecido como franquincenso), eucalipto, gengibre, patchouli e pau-rosa vinham das partes mais distantes do globo. Esses componentes vitais para cerimônias religiosas, medicina, comida, cosméticos e afrodisíacos tinham muita demanda e eram mais caros do que metais preciosos e joias. Embora cada região pudesse produzir roupas, abrigo e comida a partir dos recursos de seus próprios territórios, as pessoas de todos os países procuravam por cheiros raros e exóticos, que literalmente dessem sabor às suas vidas e um ar de mistério às suas cerimônias.


A demanda pelos materiais aromáticos, combinada com o fato de eles serem portáteis, levou ao estabelecimento de um comércio de longa distância. Felizmente, as sementes e ervas podiam ser secadas, os eucaliptos podiam ser enrolados em grãos e as fragrâncias podiam ser infundidas em óleo ou perfumes sólidos, retendo ou melhorando suas propriedades, o que os tornou ainda mais fáceis de serem transportados e relativamente difíceis de serem danificados. Com o comércio e a paixão pelas fragrâncias vieram a aventura e a intriga. Frotas de navios cruzavam os oceanos, exploradores arriscavam suas vidas viajando por vastos desertos, guerras eram iniciadas devido a disputas de terras e direitos de comércio, reinos eram conquistados ou perdidos e o amor florescia: tudo em busca de fragrâncias. Como resultado, a busca pelas fragrâncias foi mais responsável pelo desenrolar da história do mundo moderno do que qualquer outro fator em particular.


Ninguém sabe ao certo quando o comércio começou, mas um pedido de importação de cedro, mirra e cipreste foi encontrado inscrito em um bloco de argila da antiga Babilônia. Há mais de 5 mil anos, quando os egípcios ainda estavam aprendendo a escrever e a fazer tijolos, eles já estavam importando grandes quantidades de mirra, seu mais valioso produto de importação. Com certeza havia rotas de comércio pelo Oriente Médio para se obter mirra e outras fragrâncias antes de 2000 a.C. e elas foram bastante usadas durante os 30 séculos seguintes. O comércio por terra significava meses exaustivos cruzando desertos áridos e transpondo difíceis passagens montanhosas, sendo ameaçados por bandidos. Por isso, esses produtos logo começaram a ser transportados pelo mar, levando a melhorias nas técnicas de navegação, nas embarcações e na navegação em si. Os ventos de Monções carregavam as canoas de duas velas pela rota da canela nos mares do sul. Mais tarde, os comerciantes egípcios (e às vezes os romanos) tiravam proveito desses mesmos ventos e iam para a Índia no verão e voltavam para casa no inverno.


Transportar e negociar não é uma arte nova. Ela foi intensivamente usada no antigo comércio das fragrâncias. A grande rainha ecípcia Hatshepsut, por exemplo, conhecia uma oportunidade de negócios quando via uma. Um de seus grandes feitos foi mandar uma expedição para Punt, na costa africana, para estabelecer o que seria um negócio muito lucrativo. Ela também trouxe de volta para o Egito 31 árvores de mirra, que foram plantadas em um jardim botânico que formava a passagem para o seu sólido templo, Deir al-Bahari, perto de Tebas. As imagens das árvores de mirra esculpidas em baixo-relevo nas paredes do templo podem ser vistas até hoje. Outras rainhas tiveram um impacto semelhante na história aromática. Quando a rainha de Sabá visitou o Rei Salomão da corte de Israel, foi para discutir o comércio das fragrâncias. Algumas fontes dizem que ela era do sudoeste da Arábia, terra do olíbano e da mirra, mas é mais provável que ela fosse rainha de uma tribo do norte da Arábia que comercializava a resina de terebinto da árvore de pistache.


Algumas vezes a fragrância simplesmente seguiu as pegadas dos famosos. Por exemplo, as conquistas de Alexandre, o Grande, tiveram pouco a ver com a busca de materiais fragrantes. Na verdade, ele as desprezava porque o faziam se lembrar de seus inimigos persas e ele, com desdém, jogou fora uma caixa de unguentos de valor incalculável da tenda do rei Dario, depois de vencê-lo na batalha de Issos. Entretanto, depois de alguns anos viajando pela Ásia, ele se convenceu dos prazeres das finas fragrâncias e passou a untar seu corpo com óleos perfumados e a manter incensos queimando próximo ao seu trono.

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