sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A ENERGIA DO ESPÍRITO


Por Danah Zorah (física e filósofa americana)para revista EXAME (trechos)


O que é Inteligência Espiritual?

É uma terceira inteligência que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto Quociente Sspiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.

Há quanto tempo a senhora trabalha com Inteligência Espiritual?

Toda a minha vida, praticamente, já que perdi a fé na religião (cristianismo) aos 11 anos de idade e sempre procurei um meio de encontrar realização espiritual fora dos domínios da religião. Meu trabalho mais recente sobre QS tem quatro anos e foi produzido ao mesmo tempo em que cientistas começaram a divulgar pesquisas que mostram uma base neurológica para as experiências espirituais e místicas.

De que modo essas pesquisas confirmam suas ideias sobre a terceira inteligência?

Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que influencia a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência espiritual.

Qual a diferença entre QE e QS?

É o poder transformador. A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O Quociente Espiritual tem a ver com o que algo significa para mim e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.

Por que somente agora o mundo corporativo se preocupa com isso?

O mundo dos negócios atravessa uma crise de sustentabilidade. Suas atitudes e práticas atuais, centradas apenas em dinheiro, estão devastando o meio ambiente, consumindo recursos finitos, criando desigualdade global, conduzindo a uma crise de liderança nas empresas e destruindo a saúde e o moral das pessoas que trabalham ou cujas vidas são afetadas por elas. Espiritualidade nos negócios significa, simplesmente, trabalhar com um sentido mais profundo de significado e propósito na comunidade e no mundo, tendo uma perspectiva mais ampla, inspirando seus funcionários. Nós não sabemos mais o que é realmente a vida. Não sabemos qual é o jogo que jogamos nem quais são as regras. Falta-nos um sentido profundo de objetivos e valores fundamentais. Essa crise de significado é a causa principal do estresse na vida moderna e também das doenças. A busca de sentido é a principal motivação do homem. Quando essa necessidade deixa de ser satisfeita, a vida nos parece vazia. No mundo moderno, a maioria das pessoas não está atendendo a essa necessidade.

Como se pode detectar os sintomas dessa crise na vida corporativa?

Desde o surgimento do capitalismo, há 200 anos, tudo que importa no mundo dos negócios é o lucro imediato. Isso criou uma cultura corporativa destituída de significado e de valores mais profundos. Nós apenas queremos mais dinheiro. Mas para quê? Para quem? Trabalhamos para consumir. É uma vida sem sentido. Isso afeta o moral, tanto dos dirigentes quanto dos empregados, sua produtividade e criatividade. E também afasta dos negócios preocupações mais amplas com o meio ambiente, a comunidade, o planeta e a sustentabilidade. O mundo corporativo é um monstro que se autodestrói porque lhe falta uma estrutura mais ampla de significado, valores e propósitos fundamentais. Há uma profunda relação entre a crise da sociedade moderna e o baixo desenvolvimento da nossa inteligência espiritual.

Como é o líder espiritualmente inteligente?

É um líder inspirado pelo desejo de servir, uma pessoa responsável por trazer visão e valores mais altos aos demais e por lhes mostrar como usá-los. É uma pessoa que inspira as outras. Gente como o Dalai Lama, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi. No mundo dos negócios, Richard Branson, da Virgin, é um líder espiritualmente inteligente. Ele está muito preocupado com o meio ambiente e a comunidade. É muito espontâneo, tem visão e valores, tem perspectivas amplas.

Como se pode desenvolver a inteligência espiritual?

Tomando consciência das dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes e trabalhando para desenvolvê-las. Procurando mais o porquê e as conexões entre as coisas, trazendo para a superfície as suposições que fazemos sobre o sentido delas, tornando-nos mais reflexivos, assumindo responsabilidades, sendo honestos conosco mesmos e mais corajosos. Tornado-nos conscientes de onde estamos, quais são nossas motivações mais profundas. Identificando e eliminando obstáculos. Examinando as numerosas possibilidades, comprometendo-nos com um caminho e permanecendo conscientes de que são muitos os caminhos.

De que forma as pessoas espiritualmente inteligentes podem beneficiar as corporações?

As pessoas com QS elevado querem sempre fazer mais do que se espera delas. Algo para além da empresa. Quem trabalha unicamente por dinheiro não faz o melhor que pode. Nas empresas em que se busca desenvolver espiritualmente os funcionários, a produtividade aumenta porque eles ficam mais motivados, mais criativos e menos estressados. As pessoas dão tudo de si quando se procura um objetivo mais elevado. Se as organizações derem espaço para as pessoas fazerem algo mais, se souberem desenvolver em cada indivíduo sua inteligência espiritual, terão mais resultados e mais rapidamente.

A senhora diz que o capitalismo como se conhece hoje está com os dias contados, mas que um novo capitalismo está nascendo. Como ficam as empresas com
essa nova perspectiva?

Está surgindo um novo tipo de empresa. É uma empresa responsável. No novo capitalismo sobreviverão as companhias que têm visão de longo prazo, que se preocupam com o planeta, em desenvolver as pessoas que nelas trabalham. Que se preocupam, sim, com o lucro, mas que querem ganhar dinheiro para desenvolver as comunidades em que atuam, proteger o meio ambiente, propagar educação e saúde.

Você é espiritualmente Inteligente?
Conheça as dez qualidades essenciais de quem chegou lá

No início do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da Inteligência Espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios. Danah Zohar identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:

1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo
2. São levadas por valores. São idealistas
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade
4. São holísticas
5. Celebram a diversidade
6. Têm independência (n.a. no sentido da autonomia)
7. Perguntam sempre "por quê?"
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo
9. Têm espontaneidade
10.Têm compaixão

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O CÂNCER COMO CARICATURA DA NOSSA REALIDADE

O psico-oncologista Wolf Büntig desenvolveu o termo “normopatia” para designar a doença causada pelo ater-se rígida e inflexivelmente às normas. O que poderia parecer como uma contenção simpática ou nobre pode ser, na verdade, repressão de impulsos vitais e, em última estância, vida não vivida. Assim como a célula martirizada por estímulos negativos em excesso faz tudo o que pode para continuar desempenhando seu dever como célula do intestino ou do pulmão, os pacientes também tentam perseverar no cumprimento satisfatório de seus deveres como filhos, pais, subordinados, etc., em detrimento de suas necessidades individuais, de seus pressupostos anímicos (da alma).
A situação básica do câncer pode criar-se ao longo dos anos sem chegar à formação de um tumor.
O câncer representa um processo de crescimento e regressão mergulhado no corpo. A estes dois componentes soma-se um terceiro, a defesa. A estreita relação entre o câncer e o sistema imunológico é mostrada, ainda, pelo fato dele utilizar o sistema de defesa, que na verdade deveria combatê-lo, para espalhar-se.
Esta questão torna-se clara em cada resfriado: assim que a pessoa fecha-se animicamente o corpo, substitutivamente, abre-se aos agentes irritantes correspondentes e o nariz concreto se fecha. Quando a consciência se fecha para os temas irritantes, o corpo precisa se abrir, substitutivamente, para os irritantes correspondentes. A defesa imunológica torna-se, então, cada vez mais fraca na medida em que a defesa no nível da consciência é exagerada.
Fundamentalmente, os ser humano está equipado com uma defesa saudável em ambos os níveis. O objetivo, em ambos os níveis, é o ponto médio entre a abertura total e o fechamento absoluto.
Analogamente, partindo do indivíduo, transportando-nos para as empresas, pode-se dizer que as metástases do câncer e as sucursais de muitas empresas ainda, têm objetivos análogos. Elas se esforçam para colocar o máximo possível de seu próprio programa sem dar a menor chance às forças locais.
O padrão do câncer não confirma o de nosso mundo apenas em grandes traços, podendo ser seguido em detalhe para aqueles que tem olhos para vê-lo.
Quando se considera a Terra como um todo, a maneira como por toda parte ela é cancerigenamente devorada, saqueada impiedosamente e privada de sua capacidade de reação, a imagem correspondente àquela de um corpo que sucumbiu ao câncer. Como a nossa Terra continua tentando regenerar-se e se defende energeticamente do gênero humano, ainda há esperança para ela.
Mas não somente os princípios de nossa maneira de pensar no que se refere à Terra assemelham-se àquela da célula cancerígena, nós compartilhamos, também, um lapso decisivo, ou seja, não medimos as consequências de nosso comportamento: a morte de todo o organismo implica, inevitavelmente, na morte de todas as suas células, inclusive as do câncer. Exatamente como o ser humano no mundo, seu destino estará sempre ligado ao corpo em que vive.
Sem a consciência de nossa origem na natureza e sem ter um objetivo no âmbito espiritual, corremos o perigo de nos tornarmos um câncer que não mais pode ser controlado. Nós já preenchemos todos os pré-requisitos necessários para tal...
(texto extraído e adaptado do livro: A Doença Como Linguagem da Alma – Rüdiger Dahlke)

A ENERGIA DA CÉLULA CANCERÍGENA

A palavra “câncer” vem do latim e significa “modificação”.

Células cancerígenas diferenciam-se das células saudáveis por seu crescimento desordenado e caótico.
A perversidade que ganha expressão no núcleo superdimensionado tem sua causa na enorme atividade divisória da célula, que não mais desempenha suas tarefas em conjunto com as outras células e passa a atuar, sobretudo, na multiplicação de si mesma. Enquanto o núcleo (...da célula) é, na verdade, pequeno no metabolismo normal, com a caótica divisão celular do evento cancerígeno, ele cresce para além de si mesmo no mais puro sentido da palavra, fornecendo um projeto atrás do outro para sua descendência.
Em seu delírio de propagação elas descuidam muitas outras coisas, perdendo, muitas vezes, a capacidade de executar processos metabólicos mais complicados, como a oxidação.
Enquanto células normais dependem da respiração para o fornecimento, via sangue fresco, de oxigênio, uma célula que se limita à fermentação, como a cancerígena, é, em grande medida, autônoma. Consequentemente a célula cancerígena tem menos necessidade de comunicar-se com suas vizinhas, o que é vantajoso para ela, se considerarmos suas péssimas relações de vizinhança.
Enquanto as células normais tem o que se chama de inibidor de contato, que suspende seu crescimento quando encontram outros corpos celulares, as células cancerígenas se comportam exatamente ao contrário. Não tendo fronteiras para respeitar, elas invadem territórios estrangeiros com brutalidade. Descobriu-se, recentemente, que elas não se acanham nem mesmo em escravizar outras células. Como são demasiado primitivas para executar processos metabólicos diferenciados, elas utilizam células normais e as privam do fruto do seu trabalho.
A célula cancerígena não tem escrúpulos e somente se preocupa, da maneira mais egoísta, com seu crescimento em relação, até, a sua progênie. Encontram-se, frequentemente, células mortas, necrosadas no interior dos tumores indicando, simbolicamente, que a mensagem central desse novo crescimento é a morte.
Ela age, também, de forma parasita tomando tudo aquilo que podem conseguir em alimentação e energia sem estar disposta a dar nada em troca ou a participar das tarefas sociais que ocorrem em qualquer organismo.
Desta forma, como tema de fundo tem-se a problemática do crescimento. Em função de abusos como o cigarro, álcool, estresse, pressão, radiação, etc., após muita consideração e cautela, a célula decide rebelar-se, sair do padrão, ignora as leis saudáveis do crescimento, rompendo regras de importância vital para o todo, tornando-se, assim, cancerígena. Ela sai, perigosamente, dos limites da sua espécie, dedicando-se a uma selvagem e egocêntrica atividade divisória, dividindo-se para todos os lados.
Ela demonstra, da mesma maneira crua e primitiva, seu enorme problema de comunicação, reduzindo todas as relações de vizinhança a uma política da cotovelada agressivamente reprimida.
Ela desistiu da comunicação com o campo de desenvolvimento para o qual tinha sido destinada em favor do egoísmo e de reivindicações de onipotência e imortalidade.
(texto extraído e adaptado do livro: A Doença Como Linguagem da Alma – Rüdiger Dahlke)